O governo de Lula tem se recusado a fornecer informações detalhadas sobre a viagem que a primeira-dama, Janja, realizou em março deste ano, alegando que a viagem foi para participar da 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher da ONU, em Nova York.
Mesmo com solicitações via Lei de Acesso à Informação (LAI), o governo tem sido evasivo na disponibilização de dados referentes a passagens, diárias e hospedagem de Janja e dos assessores que a acompanharam.
Os questionamentos levantados transitaram pela Casa Civil, Ministério das Mulheres, Controladoria-Geral da União (CGU), Secretaria de Comunicação (Secom), Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Presidência da República, Ministério das Relações Exteriores e pela própria assessoria de Janja. Apesar disso, houve poucos avanços e o governo continuou a proporcionar respostas incompletas, praticando um verdadeiro "jogo de empurra".
A solicitação partiu do jornal Folha de São Paulo, que recebeu informações desencontradas. Inicialmente, a assessoria de Janja informou que a primeira-dama se hospedou em casa de terceiros. Posteriormente, retificou essa informação e afirmou que Janja ficou na residência oficial brasileira em Nova York.
Quando procurado pela reportagem para esclarecer sobre a hospedagem, o Planalto transferiu a responsabilidade para o Ministério das Mulheres, que declarou ter custeado apenas as passagens aéreas e o seguro viagem. Segundo o Portal da Transparência, o custo registrado foi de R$43,4 mil.
Sem progresso no atendimento da demanda, a secretária-executiva da Casa Civil, Míriam Belchior, negou um recurso do jornal, informando que o Ministério das Mulheres já havia se pronunciado. O ministro-chefe do GSI, Marcos Antonio Amaro, seguiu uma linha similar. A Secom também se negou a detalhar a viagem, afirmando que os questionamentos via LAI são respondidos dentro do próprio processo.
A respeito do suposto uso da residência oficial, o Itamaraty transferiu a responsabilidade pela resposta ao Palácio do Planalto, que, por sua vez, delegou a demanda para a assessoria de Janja.
Outra questão que levanta suspeitas envolve assessores que acompanharam Janja. O Portal da Transparência indica que pelo menos dois assessores receberam valores integrais de diárias, o que estaria em desacordo com a normatização vigente. Em caso de hospedagem em imóveis da União, como foi alegado pela assessoria de Janja, o valor deveria ser pago pela metade. A equipe de Janja não respondeu se os servidores se hospedaram na residência oficial ou não.
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